sexta-feira, julho 19, 2013

para ti

Plano
Trabalho o poema sobre uma hipótese: o amor
que se despeja no copo da vida, até meio, como se
o pudéssemos beber de um trago. No fundo,
...
como o vinho turvo, deixa um gosto amargo na
boca. Pergunto onde está a transparência do
vidro, a pureza do líquido inicial, a energia
de quem procura esvaziar a garrafa; e a resposta
são estes cacos, que nos cortam as mãos, a mesa
da alma suja de restos, palavras espalhadas
num cansaço de sentidos. Volto, então, à primeira
hipótese. O amor. Mas sem o gastar de uma vez,
esperando que o tempo encha o copo até cima,
para que o possa erguer à luz do teu corpo
e veja, através dele, o teu rosto inteiro.

Nuno Júdice, in “Poesia Reunida”

3 comentários:

André disse...

Gosto.
Lembra-me muitas coisas boas.
Um sorriso, uma espera, o sabor de um beijo ao fim da tarde, a esperança, uma caminhada pelo campo no tempo das colheiras. Uma mão na minha numa sala de cinema quase vazia, o som do mar no magoito...

E também me traz alguns momentos passámos com @s amig@s. Como este: http://www.flickr.com/photos/metrografismos/2432957/

Um abraço enorme :)
AB

li@ disse...

Foi exactamente nesse dia que eu conheci Nuno Júdice e me apaixonei pela obra ;) obrigada... miss you.

um grande beijo
;)

Merenwen disse...

Adoro o autor...e dei-me conta que deixei de o ler porque a poesia dele estava ligada ao antigo dono do meu coração, E não pode ser, ele é bom demais para ficar constrangido a amores passados!