quarta-feira, junho 29, 2011

Só saio daqui para melhor

É tão boa a crónica de Pedro Rolo Duarte deste mês na revista Lux Woman que tive vontade de a transcrever inteirinha. Não foi toda, mas foi quase. Identifiquei-me com tantos dos sentimentos ali descritos e só espero recuperar, nos 5 anos de difrença, aquilo que ainda não tive apesar de ter decidido aliviar a bóia.


"Separei-me - ou melhor dito, divorciei-me- há dez anos. (...) Os anos que se seguiram foram vagamente caóticos, algures entre a negação de um falhanço e aqueles coices disparatados dos animais, sem direcção certa, sem rumo, apenas com vontade. Aos 37 anos eu queria tudo menos perder tempo, por isso decidi refazer a minha vida o mais depressa que fosse possível. Queria voltar a casar, queria ser pai outra vez, queria fazer tudo igual, mas desta vez bem feito.

(...)

Acordei antes do salto final para o abismo. E decidi aproveitar o tempo - isto é, viver. O verbo é muito fácil de conjugar, muito difícil de praticar. Viver, nestas circunstâncias, significa uma séria de outros verbos: crescer, amadurecer, aprender, esperar, acrescentar. Nem sempre eles se conjugam com os dias, é verdade, mas tentar não custa.

(...)

Aprendi a viver no caos. E a tirar partido dele. De certa forma, tornei-me uma espécie de livro permanente de auto-ajuda, procurando tirar dos maus momentos os bons ensinamentos, e aplicando o que fui aprendendo nos passos seguintes. Muitas vezes invejei os casais felizes que via nos restaurantes ou na praia ou no jardim, muitas vezes me interroguei sobre o facto de não ter voltado a casar. Mas a cada pergunta-isto é, a cada momento vivido-, obtive sempre a mesma resposta: não tenho de me resignar a uma vida que me fará infeliz. Nem a uma paz podre sem saída. Nem à submissão a um estereótipo social. A partir do momento em que aprendi a estar comigo, e a gostar de estar comigo, o patamar de exigência subiu: só saio daqui para melhor. Para muito melhor. E foi como se tirasse o pipo a uma bóia- a pressão baixou, o ar começou a circular livremente, e eu deixei de ser ingénuo quando vejo uma família aparentemente feliz num almoço de domingo.

(...)

O que quer isto dizer? Algo tão simples que parece tolo, mas talvez devesse ser o começo de qualquer reflexão: somos nós que fazemos a nossa vida. "

quarta-feira, junho 22, 2011

giving time a time

A minha vida assemelha-se às estações do ano, tive a minha Primavera de corropio, mudanças, fantasia, ritmo acelerado, novidade e pressa de chegar a algum lado. Cheguei, cheguei ao meu porto seguro e daqui não vou sair para mais lado nenhum. Porque por muito que eu queira, eu não consigo lavar a minha alma no duche, eu não esqueço quando decido que quero esquecer e não deixa de doer quando eu digo basta... tudo tem um tempo e eu decidi dar-me esse tempo e aproveitar o momento, sem decisões, sem procurar, sem esperar... chegou o Verão.

sexta-feira, junho 17, 2011

eu quero

"Eu quero nós. Mais nós. Grudados. Enrolados. Amarrados. Jogados no tapete da sala. Nós que não atam nem desatam. Eu quero pouco e quero mais. Quero você. Quero eu. Quero domingos de manhã. Quero cama desarrumada, lençol, café e travesseiro. Quero seu beijo. Quero seu cheiro. Quero aquele olhar que não cansa, o desejo que escorre pela boca e o minuto no segundo seguinte: nada é muito quando é demais."

Caio Fernando Abreu

segunda-feira, junho 06, 2011

me, myself and I (nem de propósito)

Acordei, não muito cedo, e decidi que ia ter um Domingo para mim, sozinha, a fazer as coisas que gosto de fazer e que me fazem feliz. Iria até Belém, comprava um latte e sentava na relva a ler o meu livro. Assim que saí de casa fui desafiada para ir aos pasteis de Belém com a minha L., e aproveitei para conhecer a F. e o J. (que fazem um casal muito feliz, sente-se ;)). Depois passeie junto ao rio e almocei, nos sofás, no Bar do Altis Belém. Depois de 2 horas de leitura, acompanhada de uma tosta de queijo e rúcula, sou desafiada para cinema. Nem morta que me tiram daqui... a paisagem estava fantástica e não era precisa nenhuma companhia. Saí mais tarde e fui votar, depois fui levar pasteis de Belém à família que estava nas mesas de voto a trabalhar, ficaram tão contentes com a surpresa (ou seria com os docinhos ;)). Segui para casa, precisava da minha calma para resolver definitivamente um assunto pendente. Resolvido, catarse e segui para casa dos meus amigos para jantar e ser a biggest looser da semana. Terminámos a noite a jogar snooker. Foi um dia tão cheio, tão antagónico e que espelha tão bem o que por aqui anda. Senti o coração cheio, a vida cheia... e queria tanto partilhar. E esta frase diz tudo.

so true

"quando somos bons nem sempre somos felizes, mas quando somos felizes, somos sempre bons"

Oscar Wilde

E eu este fim de semana tive um dos melhores domingos de sempre.