2013 foi um ano muito, muito bom. olhando assim, em forma de balanço, não tenho nada para lhe apontar... foi tudo positivo. Entrei o ano em minha casa, com 12 amigos à mesa, num réveillon para lá de divertido e ao dia 2 já estava a preparar a defesa da tese. Defendi a tese de doutoramento com louvor e distinção, tive todos os meus amigos presentes, colegas de longe vieram de propósito e isso encheu-me o coração. Ver isso reconhecido pela presidente de júri, quase me levou às lágrimas. Durante uma semana andei a boiar no vazio típico do pós defesa. Fui invadida pelo "e agora?" Desesperei e estive quase a aceitei ir trabalhar num callcenter. Felizmente surgiu uma entrevista na minha área de trabalho, mas fora da minha área de residência. Beja. Fui, fiquei. Não pensei duas vezes, não me arrependi uma única vez. No espaço de uma semana, mudei toda a minha vida para Beja. Eu arranjei casa, os meus amigos trouxeram o "caminhão" e braços e levaram tudo para baixo. Os meus amigos são os melhores do mundo (e vêem-me as lágrimas aos olhos). Aterrei nesta nova cidade para iniciar um pós-doc e no primeiro dia já estava no gym. Eu queria toda a minha vida funcional, não deixar momentos para pensar no que estava a perder (sic). Nunca aconteceu porque por aqui tem sido sempre a somar. No gym encontrei pessoas fantásticas, que me receberam de braços abertos. Conheci uma nova realidade, novos amigos, novas aventuras. percebi que posso sempre começar de novo (outra vez), numa nova cidade, numa nova casa... sozinha (e o gato)... mas com a presença velada de todos os que levo no coração. Esses, não se ficaram pelos telefonemas e vibram cada vez que viajam até Beja. Descobri que a Ovibeja não é só ovelhas e que a ViniPax têm muitos vinhos ;). Descobri que Beja não é assim tão parada e pode ser muito divertida. Tivemos festas, pool party´s e até flash mobs e fomos todos juntos à color run. Não fui ao optimus Alive ver os Kings of Leon, mas nessa noite ouvi(vi) as suas músicas. Learned to be a bitch, mas não o sei fazer durante muito tempo. Voltei a mim e voltei a dizer o que sinto sem me sentir tola. Tolos são os outros que não respeitam essa franqueza e vulnerabilidade. Ouvi notícias que já esperava há algum tempo, pensei que não me afectasse tanto, afectou, aceitei, faz parte do caminho. Não sei se me apaixonei por alguém, mas sei que gostava. Desacelerei e estou a aproveitar para relaxar depois de alguns anos de stress e pressão. Não viajei para o estrangeiro. Passei férias em albufeira com as amigas. Fizemos um ranking das praias da zona, ganhou a dos tomates. Surpreendemos um amigo DJ na Bliss, ele adorou, nessa noite fomos para a zona VIP. Adormecemos às 10 da manhã depois de uma noite muito animada e de ver o nascer do sol. Tirei muiiiiiitas fotografias. O e-motions photography tornou-se mais sério, já tem blog e já foram muitas as sessões que fiz. Conheci muitas famílias, ganhei mais amigos e apaixonei-me ainda mais por esta coisa de imortalizar momentos. Fiz uma séria de cursos de fotografia, markting, branding, posing. Passei muitas horas da noite a editar e a ler sobre fotografia. Continuo a surpreender-me com a quantidade de coisas que podemos aprender na net. Continuo com montes de ideias para o futuro. Tenho aprendido novas técnicas no laboratório e mais se adivinham. Tive mais dois artigos aceites e voltei a candidatar-me a pós doc. Este ano fiz as pazes com a ciência... afinal já é um longo relacionamento. Com os amigos partilhei momentos bons. Ao mesmo tempo que me afastei fisicamente dos meus amigos, mais formas arranjámos de promover convívios: Foram muitos jantares, almoços, aniversários, inaugurações de casa, noites de jogatana, domingos de passeio. Fomos a Porto Côvo, ao Alqueva, descobrimos as Minas são Domingos, Vidigueira, Serpa e Beja mais em pormenor. Conheci as árvores, o moínho grande, o castelo... ainda me falta muito para conhecer. Aprendi palavras esquisitas e descobri o que é uma tiborna (nham) e comecei a apreciar vinho a outro nível. Dois dos meus melhores amigos casaram, a minha mãe casou. Nos dois casamentos apanhei o bouquet... to much presure ;) Duas das melhores amigas baptizaram os filhos... em ambos estive presente como fotógrafa ;). Duas amigas tiveram bébé, fui fotógrafa. Mais duas amigas que estão de esperanças. Arranjei coragem e finalmente adoptei uma minhõa para o meu gato (prometo que o próximo gato é para mim). Cada vez tenho mais a noção que a vida corre muito depressa e estou muito grata por poder apreciá-la com saúde, para mim e para os meus, um emprego e alguma estabilidade financeira e muito amor dos que me rodeiam. Se tiver de resumir numa frase o meu ano de 2013, uso José Saramago... Sempre chegamos onde nos esperam e com ela entro em 2014.
Plano
Trabalho o poema sobre uma hipótese: o amor
que se despeja no copo da vida, até meio, como se
o pudéssemos beber de um trago. No fundo,
... como o vinho turvo, deixa um gosto amargo na
boca. Pergunto onde está a transparência do
vidro, a pureza do líquido inicial, a energia
de quem procura esvaziar a garrafa; e a resposta
são estes cacos, que nos cortam as mãos, a mesa
da alma suja de restos, palavras espalhadas
num cansaço de sentidos. Volto, então, à primeira
hipótese. O amor. Mas sem o gastar de uma vez,
esperando que o tempo encha o copo até cima,
para que o possa erguer à luz do teu corpo
e veja, através dele, o teu rosto inteiro.
Nuno Júdice, in “Poesia Reunida”
que se despeja no copo da vida, até meio, como se
o pudéssemos beber de um trago. No fundo,
... como o vinho turvo, deixa um gosto amargo na
boca. Pergunto onde está a transparência do
vidro, a pureza do líquido inicial, a energia
de quem procura esvaziar a garrafa; e a resposta
são estes cacos, que nos cortam as mãos, a mesa
da alma suja de restos, palavras espalhadas
num cansaço de sentidos. Volto, então, à primeira
hipótese. O amor. Mas sem o gastar de uma vez,
esperando que o tempo encha o copo até cima,
para que o possa erguer à luz do teu corpo
e veja, através dele, o teu rosto inteiro.
Nuno Júdice, in “Poesia Reunida”