Derrepente, derrepente nem por isso. Foi mais ou menos o dia todo, como se me tivesse a despir aos bocados, de todas as coisas que adoro, ou melhor, de todas as coisas a que estou habituada. E agora cheguei a casa, sentei-me na cadeira suspensa que habita a minha varanda, o sol estava suave, o gato aninhou-se no meu colo e eu percebi que não vou ter a minha primavera na minha casa, nem com o meu gato, nem com o
meu amor, e nem com os meus amigos e pronto, bateu-me assim uma tristeza suave como o entardecer a que assisto.
Eu sei, eu sei, o tempo passa a correr e nem vou dar por isso (estou sempre a dizer aos outros), mas isso é só porque se eu parecer forte, então é porque consigo ser forte, mas às vezes, como hoje, cai-me tudo e não me apetece roubar-me desta maneira.