domingo, novembro 21, 2004

em memória das vítimas

Porque não são só aqueles que morrem que são recordados. Nesta história todos participamos.

Acho que nunca acreditei que algo de fatal te pudesse acontecer e por isso nunca entrei em pânico. E mesmo quando, no S.O. do hospital, me tentavas falar com uma voz que não era tua pelo meio de uma tosse estúpida, fiquei mais descansada só por te ver e saber que ainda te podia tocar. Levei-te um ursinho com um trevo para dar sorte, mas a enfermeira não deixou que ele ficasse contigo. Como um prenúncio. Passado um dia voltaste para casa... cedo de mais. Continuavas com uma voz que não te reconhecia e continuavas a tossir imenso. Nesse mesmo dia foste de urgência para o hospital... uma hora mais tarde e seria tarde demais. Um pulmão perfurado que te afogava e ningém deu por isso. Ficaste nos cuidados intensivos por alguns dias. Quando te fui visitar tive que vestir uma bata e lavar as mãos muito cuidadosamente e ouvir religiosamente o que me dizia o médico de serviço. Estavas na ala principal dos CI com uma parafernália de equipamento com gráficos por todo o lado e pipi´s que não paravam, os médicos não se mexiam portanto devia ser normal, fiquei mais descansada. Ali senti que ficarias bem, cheia de tubos e fios... mas bem. Aqui, um pouco reticentes, deixaram ficar o ursinho da sorte que felizmente ainda hoje guardas.
A minha amiga esteve ás portas da morte não só por um traçado mal feito, por um condutor em excesso de velocidade mas também pela assistência médica negligente.

Felizmente esta história tem um final feliz... mas não nos podemos esquecer que nem sempre é assim. Nesta história todos temos um papel e uma palavra a dizer. Temos todos de ser mais responsáveis!

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