Eu gosto de mim, eu gosto muito de mim... e sempre gostei muito de mim. Quero dizer, nunca tive grandes problemas com o meu corpo. Aliás, eu costumo dizer que tenho um problema de anorexia, mas ao contrário... a imagem que tenho de mim é sempre mais magra do que ao espelho ;). Há conta disso continuo com alguns quilos a mais... mas vivo muito bem com isso. Aliás, tenho a sensação que apenas acho que tenho uns quilos a mais porque há demasiadas pessoas à minha volta a dizer que têm peso a mais... porque na realidade, eu não acho que tenham e nem sequer sei quanto eu peso. E não quero saber. É verdade, verdadinha.
Não sou linda, mas também não sou feia. Tenho-me na minha conta. Não tenho nenhuma característica que me defina imediatamente. Não tenho olhos, nariz ou orelhas grandes nem pequenos. Mas, vamos sempre arranjar um defeito. Gostava de ter uma barriga lisa e menos peito. Guess what? desde que eu me lembro que eu quero uma barriga lisa... e eu lembro-me de ser um pau de virar tripas. Olho para as minhas fotos da adolescência, quando era magrérrima e de nessa altura achar que tinha peso a mais, ou seja, eu sempre achei que tinha peso a mais, independentemente do número.
Faço ginásio regularmente, desde maio do ano passado. Sinto-me mais leve, saudável e tonificada... é tudo o que me basta. Desde essa altura só me pesei uma vez, e foi porque quebrei a regra que tinha estipulado de não me pesar se me sentisse bem com o meu corpo. Eu tinha, e tenho, como regra... que não é um número que vai definir o meu bem estar. E portanto se eu me sentir bem, não tenho porque me pesar e fazer desse número a linha que define a forma como eu me sinto. Eu sabia que tinha emagrecido e sentia-me bem, a roupa estava mais larga e assentava-me melhor e nas fotografias já conseguia perceber um perfil mais afinado. Quando me pesei, tinha exactamente o mesmo peso. Exactamente o mesmo peso. O trabalho de um ano de exercício físico e de melhoria da autoestima, jogado fora (atentem no alentejanando na escrita ;)) com um número na balança. Claro que eu sabia que tinha ganho massa muscular e que essa pesa... mas aquele número deixou-me de rastos. Antes de me pesar estava bem e sentia-me bem, depois de me pesar sentia-me péssima... o meu peso não mudou nesses 2 segundos e no entanto a minha cabeça, a minha disposição deram uma volta de 180 graus.
Para quê? Porquê? e para quem? ... fazemos nós isto a nós próprias, constantemente?
Isto aconteceu há uns meses atrás, mas hoje apeteceu-me escrever sobre isto despoletada pelos comentários do meu último post e também porque deparo-me com muitas amigas minhas que estão constantemente preocupadas com o corpo e com os, supostos, quilos a mais, ou na mesma linha de pensamento... com "defeitos" que mais ninguém vê a não ser elas. E tenho reparado mais ainda nas sessões fotográficas que faço... quase todas as mulheres que fotografo me chamam a atenção para um "defeito" que eu nem tinha visto. É quase instantâneo... preparam-se para fotografar e "de perfil não porque o meu nariz é grande", "Não me posso rir porque faço papo" (ok, esta eu também faço... mas já aprendi a colocar o queixo para n aparecer ;)), "tenho aqui uma borbulha".... e por aí fora. E de todas as vezes... se não me dissessem... eu nunca iria reparar!
Nós passamos a vida focadas nos nossos defeitos, a detestarmos o que vimos ao espelho e pior... a lembrar as outras pessoas desse nosso, suposto, defeito. É um péssimo hábito, que não nos cansamos de fazer e que nos faz tão mal. Enquanto não treinarmos a nossa cabeça para deixarmos de odiar os nossos, supostos, defeitos (e não vou dizer, aprendermos a gostar de nós, porque isso é outa coisa), não há treino físico, nem magreza que nos faça sentir bem. Pensem nisso.
O facto de eu ter ficado especada a olhar para mim na Mango... não foi beleza, foi felicidade.