Ás vezes acontece-me. Dou por mim a debitar teorias, certinhas, direitinhas e cheias de coerência pela boca fora como se já estivessem todas pensadas e justificadas e totalmente arrumadas na minha cabeça. Mas na realidade saem na hora e deixam-me mais a pensar como eu que eu tinha tudo aquilo engendrado na minha cabeça e ainda não o tinha articulado. Isto para dizer que no outro dia conversava com os meus colegas de trabalho sobre relações, paixão, infidelidade, amor (like it was the first) e dou por mim a justificar, com unhas e dentes, que não existe um
and they lived happily ever afther. Ever! E que não há mal nisso. Eu, pelo menos, não acredito. Eu sei,
já escrevi sobre isto, mas cada vez se torna mais claro.
Eu sei, sou cínica. Eu também já acreditei que era para sempre, a sério!
Then the world happend. E quando eu digo o mundo, é mesmo o mundo. Nós somos mais de 7 bilhões de pessoas, faz sentido que a nossa felicidade dependa apenas de uma pessoa? Vivemos num mundo global, em que a distância é cada vez menor e as experiências cada vez maiores. A quantidade de pessoas com que nos cruzamos todos os dias cresce exponencialmente e a probabilidade de encontramos pessoas com variadas afinidades e cumplicidades é infinitamente maior. Não seremos egoístas depositando todas as nossas esperanças de um
happy ending numa pessoa? Não estaremos a sonhar alto de mais com a capacidade de uma única pessoa nos fazer feliz a vida inteira?
Eu sei, sou uma descrente. Mas porque raio só é verdadeiro, só é amor, só se é feliz, com direito a tudo o que sempre se sonhou se for para sempre?
O para sempre, é todos os dias. E todos os dias é muito tempo, são muitas pessoas e a felicidade vem de várias formas e feitios. A felicidade que vem da nossa realização profissional, das relações que estabelecemos com amigos, com conhecidos e ás vezes com desconhecidos, o prazer das viagens, do desconhecido, do conhecimento e do autoconhecimento, as conversas francas, o sentirmo-nos crescer todos os dias um bocadinho, o sentirmo-nos melhores pessoas todos os dias. Somos nós... não é o outro. Não somos felizes quando encontramos a
outra metade. Para ser feliz, sê inteiro. E depois partilha.
Eu sei, não é fácil. No meio disto tudo sobram-nos expectativas por todos os lados. Faltam-nos planos a longo prazo. Falta-nos a sensação de estabilidade. É um puzzle que ainda não consegui resolver. Mas a vida é mesmo assim, c
onstantemente inesperada.
Eu sei, sou uma sonhadora. Viver o momento, apreciar aquilo que temos, ser verdadeiro com os meus sentimentos, arriscar e ser corajosa com os resultados, tal como diz Laura Ingalls Wilder
The real things haven’t changed. It is still best to be honest and truthful; to make the most of what we have; to be happy with simple pleasures; and have courage when things go wrong”, parece-me um excelente ponto de partida.
ps. acho que nunca escrevi um post tão longo